sexta-feira, 15 de abril de 2016

Progresso a mil, Limitando a internet no Brasil


Fui uma criança peralta (peralta é um ótimo eufemismo para descrever a maneira  desgraçada de todas as formas de bagunça e lambança possíveis cometidas por mim). Como todo diabinho de sorte, tive pais que, insistentemente e contrariando toda a lógica, tentavam me disciplinar e me conduzir a um caminho de retidão moral.
Eu achava estranho, paradoxal, que minha mãe, depois do puxão de orelhas me dizia: “Eu faço isso porque te amo, é para o teu bem.”.
Nunca entendi, quer dizer, até virar adulto consciente, racional e responsável.  Mas enquanto criança era impossível conceber um puxão de orelhas que afastava meus pés do solo como um gesto de amor de uma mãe preocupada. Minha cabeça entendia como uma restrição imposta por alguém que queria limitar meu raio de diversão disponível, ou pelo menos uma reação desproporcional a ação que eu havia antes cometido.
O tempo passa, as coias mudam e a gente vai entendendo o ‘porquê’ das coisas. Hoje eu entendo que se não fosse os castigos, muitos dos quais físicos, de minha preocupada progenitora hoje eu não seria o que sou. Poderia ter enveredado por caminhos nada salutares, com muitos riscos. Por isso sou eternamente grato a minha mãe e as senhora esculhambação que eu recebia ao menor sinal de fuga do caminho por ela delineado.
Pois eu me peguei criança novamente. Estou confuso, estou tentando achar o gesto de amor no meio da agressão. Preciso de ajuda, pois não estou conseguindo.
O glorioso ano de 2017 vai ter de trevas para os que, como eu, usam serviços de streaming digital para assistir televisão. Teremos limites não só de largura de banda para a internet, mas também de volume de dados trafegados.
Não bastasse termos uma das piores internets do mundo, com os valores mais caros praticados e qualidade de conexão pífia, ainda teremos restrições de dados.  
Resumindo, quer dizer que o plano de internet que tenho, no qual gasto R$ 100 reais por mês, terá como restrição 15GB, isso quer dizer que com uma garoupa conseguirei assistir (com sorte) a três filmes no netflix. Caso eu queira assistir o quarto filme, obviamente terei de colocar a mão no bolso.
Onde, meu Deus, onde está o lado positivo disto? Alguém me ajude!
Está claro que o cartel da internet/TVaCabo que impera nestas terras tupiniquins quer que eu e você deixemos de assistir o youtube, o netflix, e compremos os pacotes que eles tem a vender.
A raiva de ver estas coisas, de ver políticos (Anatel, não me venha dizer que não tem político por detrás desta bosta) atuando a favor de empresas e deixando de lado a livre concorrência me deixa indignado. Sabe aquele sentimento de revolta, de vontade de fazer as malas, pegar as malas e migrar?
O lado positivo destra briga [TV a Cabo x Streaming] me lembra outras brigas, inúteis, onde ambas as partes poderiam coexistir, a saber:
Uber x Taxi
99 Taxi x Radiotaxi
Artistas x Spotfi e derivados
Cinema x TV (esta das antigas)
O meu consolo é saber que, normalmente, no final das contas é impossível remar contra a maré, é impossível vencer uma tendência.
E caso minha percepção de cartel egoísta, mesquinho estiver correta, desejo do fundo do meu coração, que estes malditos quebrem, e sejam sobrepujados por empresas inovadoras, que ofereçam serviços melhores ao mesmo custo ou mais barato.
Nunca tive, e não tenho hoje a menor vontade de ter TV a Cabo em casa.

Viva a inovação e mudança.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Coisas daqui..


Moro na região da serra gaúcha, e é engraçado como pessoas de todo país viajam para cá, principalmente no inverno, para apreciar a culinária e arquitetura europeia, o relevo diferenciado com seus morros, montes, rochas, e a, nem sempre presente, neve.
Essa parada toda é muito irada. Tenho alguns colegas de trabalho e familiares da minha esposa que não sabiam falar português enquanto crianças. Eles falavam o dialeto vêneto (chamado pelos antigos de “dialeton”), que é um tipo de italiano regionalizado. Já penou muleque, encontrar uma criança brasileira, filhos de pais brasileiros, que não sabe falar português?? Parece uma situação escrota, mas era exatamente isso que acontecia a 40 anos atrás aqui na serra, principalmente na zona rural. E quando visitamos um povoado menor não é difícil encontrar pessoas de mais idade (50, 60 anos) que não sabem falar português ou tem grande dificuldade de se expressar neste idioma.
Infelizmente essa cultura está se perdendo, hoje em dia o dialeton está morrendo, já é difícil encontrar alguém com mais de 25 anos que se expresse bem no dialeto. Acredito que em duas, no máximo três gerações tudo isso se perderá... o que é uma pena.
Na tentativa de preservar a cultura nativa da região colonizada principalmente por imigrantes italianos as cidades da região organizam festas que promovem a cultura regional e resgatam costumes dos primeiros imigrantes. No último final de semana eu fui a uma festa destas:
O Entrai (Encontro das Tradições Italianas).
Confesso que apesar de gostar muito do aspecto cultural da festa, eu fui lá mesmo é pelo aspecto gastronômico. Não que eu seja um cara extremamente viajado, mas já dei umas voltas por ai, e afirmo: Não experimentei nada melhor em termos de gastronomia do que a ítalo-culinária. Velho, o povo italiano sabe comer bem. Claro, todo mundo tem suas preferências, você tem direito de ter a sua e eu tenho direito de ter a minha.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Também morre quem atira...

Marcelo D2 escreveu essa frase; hoje eu lembrei dela quando li no jornal que um maluco de 23 anos entrou em uma escola no RJ e saiu atirando em todo mundo que nem um louco. Matou várias crianças e feriu outras tantas. Depois do funesto ato o cara, alvejado por um policial na perna, meteu uma bala na própria cabeça. Também morre quem atira!
Quando vi a notícia, sem investigar os elementos envolvidos no caso como um todo, eu logo pensei: “aposto como esse cara era totalmente zuado na escola, cansou de levar bolacha na cara, bexiguinha com xixi, taxinha na carteira e resolveu voltar lá para esculachar quem esculachava ele. Ou na pior das hipóteses, esculhambar com a instituição que, na maníaca concepção dele, era conivente com seus agressores ou não o defendia do bullying como ele pensava que seria o correto.” Não era o caso, o cidadão em questão era um lunático mesmo. Misturou um fanatismo religioso com um faniquito de herói, e meteu o berro geral.
A minha conclusão precipitada do fato me fez pensar sobre como as pessoas encaram seus problemas. Tem gente que tem uma mania absurda de perseguição. Não que todo mundo vai comprar um trabuco e sair metendo fogo em crianças por ai, a reação, na vasta maioria dos casos é bem sutil. Eu mesmo convivo com pessoas que estão sempre reclamando, se achando as perseguidas, que ninguém olha para o problema deles, que ninguém observa o talento deles, que outras pessoas que, na concepção do pretenso “perseguido”, são menos talentosas, simpáticas, bonitas ou inteligentes recebem todas as oportunidades ou méritos.... Conversa fiada.
Eu queria dizer a você que se considera perseguido: Você não é perseguido. Se outra pessoa está com o reconhecimento, com a mulher (ou marido), com a posição social, ou seja lá o que for que você requisite como seu por direito. Sinto muito, mas provavelmente você não merecia mesmo.
A tá, vai ficar nervoso agora? Vai dar pití?

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O que educar?


Noutro dia um colega me pediu para que respondesse uma pergunta com objetivo acadêmico para ele.
A pergunta era: "Como educar novas gerações?"

Fiquei bolado com esse questionamento. Cara, eu não tenho filhos, não sei a resposta. Responderia assim normalmente, mas aquele dia a pergunta me fez pensar.
Estranho isso da pessoa. Tem dias que um questionamento bem dirigido nos deixam pensativos. A mesma pergunta em outro dia não traria qualquer reação de nossa parte.

E aquele foi um destes dias, dias em que uma pergunta simples (café ou chá?) me faria divagar sobre questões e opiniões que nunca antes formulei.

Mas voltando a pergunta "COMO EDUCAR AS NOVAS GERAÇÕES?"

Particularmente não me preocupo em “como educar” isso é questão pedagógica e deve ser tratada e estudada como tal. Cada elemento componente desta “nova geração” decodifica as mensagens de uma forma. Cabe aos pais, professores e gestores, educá-los de maneira personalizada para atingir o resultado esperado. A grande questão é: “Que resultado esperamos?”

A pergunta seria melhor formulada se fosse: “o que educar as novas gerações?” “O que educar” está relacionado diretamente aos fatores críticos para o sucesso das gerações que se seguem. Trata-se da escolha dos valores que serão ensinados aos membros das futuras gerações.

Neste respeito ainda é prudente definir “o que é sucesso?” O que baliza a métrica de sucesso de um determinado indivíduo? São os VALORES de cada pessoa que indicam quanto sucesso esta teve.

E é esta a grande questão: QUE VALORES ENSINAREMOS AS NOVAS GERAÇÕES? Ao responder esta pergunta estamos definindo qual o parâmetro as pessoas usarão para medir seu nível de sucesso.

As gerações passadas e os meios de comunicação de massa nos ensinaram valores que levaram a sociedade como um todo a um estágio de marasmo e conformismo com nossa situação moral/social/política.

As novas gerações devem ser educadas de modo a prezar a família, a fazer boas escolhas políticas, a fazer sacrifícios visando resultados a longo prazo. Devem ser ensinadas a abominar a cultura do EU e estimuladas ao pensamento coletivo e altruísta.

Os educadores das novas gerações, sejam eles pais, mestres, ou ocupantes de qualquer outra posição social/familiar/hierárquica que os imponha o papel de formadores de opinião, devem ter em mente os erros que as gerações passadas (e a nossa) cometeram e ainda cometem, para que estes não sejam repetidos nas novas gerações.